Agradou-me imenso a escolha do modelo de embarcação a fazer pelo Sr. Capitão Marques da Silva – a bateira de bicas ou chincha –, porque é muito do meu agrado. Pergunta-se: – Haverá alguma com que não simpatize?
Segundo Marques da Silva, este tipo de bateira, muito usado na parte norte da Ria de Aveiro, ainda hoje se pode observar com frequência no trabalho de pescadores da Torreira. Embora quase todas tenham motor de popa, conservam as suas formas airosas, muito bem adaptadas à pesca naquela zona da ria com a rede de arrastar para a praia, chamada chincha ou chinchorro.
São de proa e popa bem levantadas, fundo arqueado, costados arredondados e boca de maiores dimensões, em relação às outras bateiras.
Embora possam aparecer com enora na bancada do meio e carlinga no fundo, parece-me que somente são aplicadas para mastro festivo. Normalmente não têm leme, nem ferragens no cadaste.
Bateira de bicas, na Torreira – Anos 80
Desloca-se com dois remos de escalamão, para um ou dois remadores em cada um. Nunca vi nenhuma navegar à vela.
Antigamente, havia muitas bateiras deste tipo em S. Jacinto. No Verão, pescavam caranguejo fora da barra e eram chamadas bateiras de ir ao mar.
Trabalhavam com uma rede chamada mugiganga que largavam em forma de cerco, para apanhar aqueles caranguejos, os pilados que se aplicavam como adubo para os campos.
Panorâmica da rede, com saco e mangas afastadas
Normalmente, eram pintadas de uma ou duas cores de tons vivos, sendo brancas as caras de vante e da popa.
Na bica da proa, aplicavam-lhes um ramo festivo e/ou uma imagem da sua devoção.
Pormenor da bica da proa, na Torreira
(Cont.)
Ílhavo, 12 de Fevereiro de 2010
Parabéns pelo trabalho do Srº Capitão Marques da Silva (a construção de um modelo da bateira de bicas) e pela sua apresentação neste blog.
ResponderEliminarCumprimentos,
Etelvina Almeida