quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Na senda das exposições do Titanic



Em 1985, uma equipa de oceanógrafos franceses e americanos descobriu o Titanic naufragado, dividido em duas partes; em 1986, iniciaram-se os trabalhos de mergulho na extensão dos escombros numa área equivalente ao centro de Londres. Mais três expedições foram levadas a cabo até 1994, tendo sido recuperados 3600 objectos, para o que foi utilizado o submergível Nautili, símbolo de alta tecnologia.

No final de 1994, em grandes parangonas, o National Maritime Museum – Greenwich – London anuncia THE WRECK OF THE TITANIC – Exhibition.

Sorvi a informação. Mesmo com tempo limitado, porque não soube logo, não podia faltar e aí fui até Londres. Que emoção!

Não perdi o meu tempo. A exposição estava organizada em nove secções, com cerca de 150 objectos. Alguns destes sectores eram recordados através de documentação da época.

Para além da extraordinária maqueta que representava o Titanic dividido em dois, as secções que mais me cativaram foram os objectos e as técnicas da sua preservação. O reconhecimento da baixela em prata atraía-me: estão mesmo a imaginar o motivo.


Peças da baixela de prata do Titanic


O que pude ainda observar?


Coletes de náufragos, lustres de um dos luxuosos salões, restos das cadeiras dos deques, porcelanas, cristais, peças da baixela em prata, instrumentos náuticos e objectos pessoais de passageiros desde pincéis de barba, agendas, pentes, palitos, botões de fardas e jóias (relógios, voltas de ouro com pingentes, alfinetes de gravata, etc.).


Vestígios de dois luxuosos lustres do Titanic


O rescaldo encontrado muito dizia da soberba qualidade do navio, da nobreza dos materiais nele utilizados e do nível social dos passageiros que fizeram a sua primeira e última viagem.
Incrível, um exemplar do jornal Southern Echo, do dia 9 de Abril de 1912, ainda legível!
A limpeza e manutenção de tão delicados objectos são uma verdadeira lição na arte da preservação, levada a cabo, entre outros, pelos laboratórios da Electricidade de França.
Sempre alerta de outras possíveis exposições, em 2004, tive conhecimento da que se realizou no Porto, no grande espaço do mercado Ferreira Borges. Não pude faltar, eu e o meu neto mais velho.


Bastante pomposa, esta exibição, recriava imensos cenários, mas, para mim, não transmitia um espírito tão sério, científico e investigador, quanto a de Londres. De modo algum.


(Cont.)


Fotografias – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 5 de Fevereiro de 2009

Ana Maria Lopes

2 comentários:

  1. Cara Dra. Ana Maria,
    Como deve imaginar passei com o neto pela celebre exposição "Titanica", no Porto, que de "Titanica" teve muito pouco, excepção à memória fotográfica de alguns passageiros e tripulantes.
    Não posso dizer que saí frustado, porque deu para ver diversas peças do "Olympic", que navegou na mesma época.
    Lamento apenas que muito do conteúdo servisse apenas para ganhar dinheiro de fácil, havendo consciência e noção de que iriam induzir os visitantes em erro.
    Cumprimentos, Reimar

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  2. Ana Maria:
    Curiosamente, tenho a minha versão contada pelo meu avô, que, como sabes também era comissário do navio Moçambique.
    Contou-me que o tal armário do Titanic havia sido recolhido pelo navio Trombeta, cujo capitão era o cap.Bela.
    Segundo ele me contou, os talheres foram distribuidos por Ílhavo, sempre que alguém se casava.E que em tua casa também havia!
    Isto passou, nunca mais me lembrei, até que vi o filme e, de repente, lembrei-me da história do meu avô.
    Como eu era directora do Litoral na altura, quis fazer uma matéria sobre isso e pus-me em campo, juntamente com o Carlos Duarte.
    Começámos a fazer perguntas,que gostávamos de fotografar,enfim o costume.
    Qual quê-desataram a fazer telefonemas anónimos à minha mãe para que me pedisse,pela alma de meu pai , que não tocasse nesse assunto.
    Assim fiz, por minha mãe.
    Que raio de segredo é esse?
    Por que não se pode falar?
    Mais tarde falei com o Dr. Cabral Moncada, pedindo-lhe que me dissesse se algum talher lhe fosse parar às mãos.
    Respondeu-me que já tinha visto, uma colher, com o símbolo da White Star Company, mas já há bastante tempo.O símbolo é uma estrela.
    Fiquei cheia de pena.A história que eu tinha querido contar...
    Se alguém me quiser vender uma,eu compro, dentro de um preço razoável, claro.bj.Clara S.

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