O espaço central do painel ocupa lugar privilegiado, pois é aí que os artistas têm expressado ao longo dos tempos um vasto repertório de imagens e acontecimentos.
Os elementos humanos masculino e/ ou feminino de vários estratos sociais são dos mais retratados, em corpo inteiro ou em meio corpo.
Habitualmente, a figura em meio corpo é escolhida de preferência para a personagem de carácter histórico-patriótico: Luís de Camões, Fernando Pessoa, D. Dinis, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, João Afonso de Aveiro e tantos outros.
As figuras, normalmente, assentam num fundo azul claro ou branco. Quando o espaço é todo ocupado, o cenário tem vindo a pormenorizar-se. Por baixo, a legenda séria e adequada, sobre fundo, normalmente, branco ou róseo, completa sempre o conjunto pictórico.
João Afonso de Aveiro - Anos 80
Na galeria de figuras histórico-patrióticas, desde Afonso Henriques, até Américo Tomás, ao General Eanes e António Guterres, têm passado as mais variadas. Neste tema, as decorações deste ano não apresentaram grandes novidades.
Foi com satisfação que soube que, no âmbito do Colóquio Internacional “Octávio Lixa Filgueiras”, será lançado o livro de Clara Sarmento, Cultura Popular Portuguesa – Práticas, Discursos e Representações, dedicado à cultura popular da Ria de Aveiro e à etnologia do barco moliceiro, que terá lugar no MMI, no dia 17 de Novembro, pelas 18 horas. Nunca serão demais publicações deste teor. Parabéns à Autora.
A821M – Sou bela e sinto-o por ser bem portuguesa - Anos 80
Fotografias – Cedência de Paulo Miguel Godinho
Ílhavo, 13 de Novembro de 2008
Ana Maria Lopes
É sempre bom reviver o passado de coleccionador de painéis de moliceiros em fotografia. Tenho pena da minha vida actual não me permitir continuar esta colecção fantástica. Há muitas maneiras de escrever história. Mas esta, em pinturas e legendas ingénuas, sem dúvida, é muito interessante, por ser tão verdadeira e tão pouco erudita.
ResponderEliminarObservar os painéis dos moliceiros é reviver a minha infância. Os passeios com os meus pais à Torreira para apreciar os pitéus e depois a visita aos poucos moliceiros que paravam por aquelas bandas. O meu pai explicava o significado dos painéis: à proa um painel mais de cariz religioso e os da popa tinham um significado matreiro. Nessa altura, devido à ignorância infantil, a maioria das figuras não tinham para mim qualquer significado. Depois lá apareciam os símbolos dos construtores, ou seja, das pessoas ilustres e respeitadas por conhecerem uma arte tão digna, que era a construção dos moliceiros. O meu pai “abalou” mas as memórias e o pouco conhecimento que tenho sobre este tipo de embarcações perduram eternas.
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