Um belo dia, uma boa trintena de anos após o bota-abaixo do São Jorge (lá pelos anos 80), cheguei à seca, quando o Dr. Cunha me disse:
– O Dr. Vasco Branco deu-me um filme que fez, aquando da construção do São Jorge, seguindo toda a sua evolução, até ao dia do lançamento à água. De quando em quando, ia até ao Estaleiro para observar o andamento dos trabalhos e captava umas imagens.
E eu, curiosa, perguntei:
– E é fiel ao esforço despendido pelos operários?
Prosseguiu o Dr. Cunha:
– Sim, mas olhe, como a Ana Maria foi a madrinha, entendo que é nas suas mãos que deve ficar.
Contente e expectante, lá vim ansiosa por projectar o filme, que não sonhava existir. Que agradável surpresa!
Espectacular! Único! Documento inédito!
Claro, que no que toca a qualidade, não se pode exigir mais – sinais do tempo. Filme a preto e branco, sistema 8 mm, mudo, pois as sonorizações em banda magnética surgiram mais tarde com o super 8, colagens manuais e letttring igualmente artesanal. Mas tudo isso contribui para o seu encanto e autenticidade.
E ter um filme de Vasco Branco, aveirense ilustre, de cultura eclética, licenciado em farmácia, artista plástico, escritor, cineasta amador de primeira água, era um privilégio!
Lá o guardei, vi e revi através do velhinho projector. O meu filho Miguel encarregou-se de o preservar ao longo dos anos, de acordo com as épocas e os suportes disponíveis: de 8 mm, passou a vídeo VHS, de vídeo a DVD e de DVD foi convertido em ficheiro adaptado à Internet, para que hoje possa ser apreciado por curiosos, entendidos e apreciadores de construção naval no Marintimidades. Obrigada, Miguel.
Saboreiem-no, pois, que vale a pena!
E foi assim! E, agora... felicidades!
Ílhavo, 21 de Maio de 2008
Ana Maria Lopes
adorei ver o filme fez-me lembrar a minha meninice com o meu api sempre a levar-me a ver esses acontecimentos e outros como irmos a correr pois estavamos na Costa ver entrar na meia laranja os bacalhoeiros...elas muito bem pentiadas e vestidas em carros de praça com lenços brancos quer na despedida quer na chegada
ResponderEliminarO filme ..uma relíquia
Boa noite.
ResponderEliminarPois então cá está a surpresa :).
Belíssimo pedaço de filme pela sua simplicidade e momento da história do bacalhau que mostra. O facto de ser "mudo" até ajuda, pois acompanhado por uma guitarra Portuguesa fica excelente.
Obrigado por ter partilhado este seu tesouro e ao seu filho que o colocou "à vista do mundo".
Cumprimentos,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Finalmente consegui!!!
ResponderEliminarNão é por falta de conhecimentos; o problema é do pc...
Pois o que eu acho é não deve haver mais nenhum navio da pesca do bacalhau com um registo de historial tão farto, rico e completo. O problema será das suas "madrinhas", penso eu.
Parabéns! Continue.
Estamos à espera de mais.
João Reinaldo.
Que maravilha,um muito obrigado a Dra Ana Maria por este belo documentario,ao SÃO Jorge.Eu que fiz uma viagém no Inaçio Cunha ,naufragamos. A seguir dei tres viagens no Novos Mares anos-67 a -69. Parabéns a empresa Testa E Cunha,na altura muito conseituada .Tinha muita coisa para escrever más fica para outra opurtunidade...sem mais comprimentos a todos e um bem haja . Jaime pontes
ResponderEliminarEstou comovido madrinha!
ResponderEliminarDesconhecia esta faceta da história do navio. Era uma madrinha ainda muito novinha,mas com garra para o "bota-abaixo". Parabéns por mais esta história do navio que um dia vi afundar-se nas águas geladas da Terra Nova a cerca de 60 milhas a ESE (Lés Sueste) de St. John´s.
O nascimento é sempre, pela lei natural das coisas, mais animador e grandioso que a morte, como neste caso em que através do filme assisti ao nascimento dum navio e por razões profissionais assisti à sua morte.
Obrigado por me ter proporcionado este momento.
Caro Marmol:
ResponderEliminarCom esse pseudónimo, não chego lá.
Será que é o Senhor de Viana, do Blog Mar de Viana, amigo de J.D.?
Se não é, também não sei. Achei curioso: eu assisti ao nascimento do São Jorge e "amadrinhei-o" e o Senhor, à morte, por incêndio, nas águas geladas da Terra Nova.
Saudações marinheiras
Ana Maria Lopes