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Em
maré de romarias setembrinas, segue-se no último fim-de-semana de Setembro (21
a 25), a festa da Nossa Senhora da Saúde, na Costa Nova.
Se
fosse possível regredir no tempo, por uns anos, desejaria assistir a uma
romaria dos anos sessenta, com artística armação na Avenida Marginal e nos
caminhos conducentes à Capelinha. A montagem da armação em altos escadotes
marcava o início da festa. Seguia-se a chegada das primeiras tendas. Mas quando
os primeiros moliceiros vinham do
norte e do sul da ria, os norteiros e os matolas
e atracavam mesmo aqui pertinho de mim, então a festividade estava próxima.
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Nas proas
dos moliceiros
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Recordo com
saudade a chegada das barracas das cutelarias de Guimarães, os chapelinhos de
papel de vários feitios e cores, os brinquedos toscos
infantis de lata e de madeira, o café “de apito”, a doçaria tradicional da Ti
Rosa Caçoa, com os seus suspiros melosos e açucarados e os bolinhos brancos
de gema.
Ao
lado, a Ti Adelaide Ronca com as flores das festas, de papel, com quadra
a gosto, e as coloridas e vistosas ventarolas. O Sr. Quintino Teles com os seus
pratos típicos, em cerâmica relevada, com castanhas e sardinhas assadas, ovos
estrelados, que até apetecia degustar, etc.
A
ler a sina…
Ainda
os ferros forjados, as barracas das loiças de Barcelos e de alguns atoalhados e
“lingerie”, bem como, os homens dos guarda-chuvas, a leitura da sina, compunham
o ramalhete.
E
os vistosos e animados coretos com a banda a tocar!!!!.....
Nos
famosos coretos!...
Não faltava
a Vida de Cristo, em movimento, descrita em voz roufenha, rouca, do
publicitador, tornada ensurdecedora pela ampliação conferida pelas cornetas do
altifalante, que tentavam sobrepor-se ao anúncio da casa dos espelhos, do
carrocel, dos carrinhos eléctricos ou cadeirinhas voadoras.
Com
muita gente, com muito barulho, acabou por se tornar impossível a festa na
frente/ria, incluindo a própria procissão, que não era recebida com o respeito
devido.
Há
uns anos largos, toca de mudar a festa para a Avenida do Mar. Ainda pior!!!!
Chegou-se a um exagero e a uma falta de sanidade, com que alguns moradores não
conviviam muito bem, quase impossibilitados de entrar em suas casas. Já não
eram vendas típicas e, por vezes, ingénuas, mas uma autêntica FEIRA, onde
chegou a intervir a ASAE.
O que se
seguiu? A procissão, após a missa festiva e pouco mais.
No entanto,
na frente/ria, passados uns tempos, voltaram a aparecer as doçarias festivas
diversas, muito apelativas, os frutos secos muito apetecíveis, e algumas
barracas de brinquedos e quinquilharia.
Assim, está
bem – nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O domingo da festa, pelas 23 e 30 da
noite, tem encerrado com um fogo de artifício variado e de qualidade, que
espelha na ria, com duplo e bonito efeito.
Entretanto,
os dois anos de pandemia conduziram a mudanças radicais, que registei neste
blogue, a seu tempo.
Ainda se vai
passar à Costa Nova a Senhora da Saúde, quanto mais não seja, para saborear,
entre amigos, a chanfana ou o leitão assado, o que origina uma prévia “procissão
de leitões”.
O momento
alto que vivo na festa é a passagem da procissão na Calçada Arrais Ançã, frente
à minha varanda, com colgadura de damasco amarelada, em que reúno alguns amigos
para a verem passar, num misto de satisfação, convívio, colorido, adorno
empenhado dos andores e muita fé.
Nossa
Senhora da Saúde, a passar na Mota
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Outros
aspectos haveria mais a enumerar – irmandades, fanfarra, grupo de escuteiros,
pároco da Gafanha da Encarnação, acólitos e crentes acompanhantes, cumpridores
de promessas.
Nem gosto,
sequer, de ver a casa fechada, nesse dia.
Tradição…apesar de
já não ser o que era. É a que temos. Está a tomar uma posição sensata, sem
exageros. É para respeitar e tentar transmitir…
Este ano,
vamos a ver como corre. Uma coisa, é consultar o Cartaz, outra é apreciar, de
facto, os eventos.
Foto a cores - Etelvina Almeida
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Costa Nova, 17
de Setembro de 2023
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Ana Maria Lopes
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