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A festa que é anunciada como uma das características da região, realizada no Verão, tem como pano de fundo a Ria. A organização está a cargo da Câmara Municipal de Aveiro, do Turismo Centro de Portugal, da AMIRIA e de outras associações do concelho.
A Regata da Ria (2 de Julho) é ou já foi o ponto alto das chamadas Festas da Ria. Perde em moliceiros, mas ganha em visibilidade…apregoa o D.A. de 28. 6. 2011. Amigos, permitam-me discordar, porque regata que se preze vive das embarcações e dos seus arrais, embora um pouco de publicidade não lhe faça nada mal.
Estavam inscritos dez moliceiros, contra os treze do ano passado e contra os 44 do ano 2001, mesmo já em tempos de crise patrimonial náutica tradicional.
À última da hora, acabaram por se inscrever treze, mas 3 exemplares não respeitavam o tamanho habitual da embarcação. Mais valia que não se exibissem e, muito menos, que nunca os tivessem construído.
Eu sei e todos sabemos que as dificuldades económicas são muitas, e que as despesas avultadas da manutenção dos barcos, sem se alimentarem do seu sustento primitivo, o moliço, levaram muitos proprietários a desfazer-se deles, com mágoa e dissabor. Foi o caso, à laia de exemplo, do «RICARDO SÉRGIO», barco vencedor da corrida do ano passado. O que lhe fizeram!!!!!!!!!!!!!
O «RICARDO SÉRGIO» prestes a cortar a meta, em 2010
Outros, pouquíssimos, entusiastas, teimam, contra ventos e marés, em manter os barcos aparelhados de forma tradicional, eventualmente, para se dedicarem ao turismo, em ria aberta e à vela, sempre que possível. Ventos de feição e boas bolinas!!!!!!!!!!!
Et voilà o cisne da ria, com não sei quê de ave e de composição de teatro! Lírica, desactualizada e não competitiva! Serão adjectivos que me encaixariam que nem uma luva! Dirá o leitor amigo… Olhe que não! Olhe que não!
Em dia semi-nublado soprado por uma lebe arage, a espera dos barcos saturou passantes, curiosos, amigos e familiares, mas vento é vento e a falta dele resulta neste tipo de atraso.
O ambiente não era nada animador pelo Rossio, pelo menos para mim. Ou seria o que o meu olhar alcançava? Melhor não averiguar.
Alguns barcos, que entretanto desistiram da regata, tendo-se deslocado também a motor, foram chegando – o caso do «A.RENDEIRO», na imagem.
Pouco antes das 8 horas da tarde e até às 9 h, chegaram os verdadeiros moliceiros tradicionais, a concurso.
Ocupantes, cansados de esperar, mas encharcados de uma tarde amena de ria, lembram náufragos descobertos. Valeu a pena. Quem corre por gosto, não cansa mesmo!
Vencedores da regata:
1º prémio – «
DOROTEIA VERÓNICA», do arrais Gonçalo Vieira.
2º prémio – «
ZÉ RITO» do arrais Zé Rito.
3º prémio – «
ANTÓNIO GARETE» do arrais António Garete.
4º prémio – «
ZÉ MIGUEL», do arrais Jorge Vieira.
5º prémio – «
RICARDO SÉRGIO», com o arrais Marco, ex-proprietário.
6º prémio – «
PARDILHOENSE», do arrais Miguel Matias.
Em último, mas estreante em regatas, «S. SALVADOR», da J. F. de Ílhavo. É de ficar cliente.
O «PARDILHOENSE» foi o primeiro dos não profissionais. P'rá frente, Miguel!
E notícias frescas deram-nos a saber que o moliceiro do António Garete já vai ficar por Aveiro, sabemos para quê. Em Aveiro, são decepados…
É caso para encontrar justificação para um título de ontem, no Jornal de Notícias – Derradeiros moliceiros correm para não morrer.
Será mesmo a tal morte anunciadíssima?
Força aos poucos resistentes!
Fotografias – Arquivo pessoal da Autora
Ílhavo, 4 de Julho de 2011
Ana Maria Lopes
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